A Síndrome de Proust voltou a atacar.
Andando pelo shopping, cruzei com uma senhora de idade bastante avançada. Ao passar por mim, um aroma conhecido acordou meu olfato e eu voltei ao passado num piscar de olhos. Vi, realmente vi, toda uma cena de infância, provavelmente do meu primeiro ou segundo Natal em São Paulo, com minha mãe e minha avó a arrumarem-se defronte à antiga penteadeira de madeira escura de minha avó. Revi todos os detalhes do quarto, o contorno dos móveis pesados, e tive a sensação de quase ouvir o farfalhar dos vestidos de tafetá das duas. Tudo isso em um nanosegundo.
Girei sobre os calcanhares e fui atrás da velhinha. Passei por ela e, pedindo desculpas perguntei se estava usando Je Reviens*. A velhinha sorriu e, com um forte sotaque argentino, respondeu que sim e que estava surpresa de alguém tão jovem conhecer o perfume. Expliquei que era o perfume que minha avó usava e lágrimas vieram aos meus olhos. Visivelmente comovida, ela abriu a bolsa e, pegando gentilmente meu braço, colocou no meu pulso, uma gotinha do frasquinho que carregava na bolsa.
Passei o resto do dia a fungar desavergonhadamente meu próprio punho e, a cada farejada, voltava a ter 7 anos de idade, quando queria desesperadamente usar vestidos de tafetá com gola de renda, colares de pérola e laquê no cabelo desfiado (risos).
Meu primeiro perfume "de gente grande" foi um presente de aniversário aos 12 anos. Femme, de Rochas. O segundo, comprado na extinta Sears, aos 14, junto com o primeiro soutien de renda, foi Miss Dior. Depois disso vieram muitos outros, mas há 3 anos sou fiel ao White, de Armani a quem ocasionalmente traio com o White Tea, de Bulgari.
Durante a maior parte da minha infância minha mãe usou Chanel Nº5. Depois apaixonou-se pelo Poison, de Dior. Hoje, usa J'Adore, também de Dior. Combinam com o temperamento dela, mas são todos fortes demais para mim, que tenho enxaquecas desencadeadas por perfumes doces e florais.
A palavra perfume vem do latim, per fume, através do fumo, por causa do antigo hábito de se queimar incenso e ervas aromáticas. Os egípcios, que inventaram o vidro, foram os primeiros a criar frascos deste material para armazenar aromas.
A terminologia usada nos frascos atuais indica a quantidade de óleos essenciais. Perfume é a fragrância mais cara, com 22% de óleos essenciais. Eau de Parfum (EDP), possui de 15 a 22% de óleos essenciais. Depois dela vem a Eau de Toilette (EDT) com 8 a 15%. A Eau de Cologne possui somente 4% de óleos essenciais. E, para os intensamente sutis, existe a Eau Fraiche com 1 a 3% de óleos essenciais, e é a forma mais diluída de uma fragrância.
E você? Tem algum perfume que o faça voltar à infância?
*Je Reviens foi criado em 1932, por Worth.
Retirado do Blog Diário de Lisboa
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