Memórias Bordadas

São 25 senhoras,cada uma com uma história,um sonho,uma lembrança. Muito para contar e trocar,tanto que quase não se consegue ouvir em alguns momentos onde as diversas vozes e saberes querem se pronunciar.... Um tom quase juvenil que mostra a vitalidade dessas guerreiras. Tecidos,linhas,agulhas,riscos,poesia declamada no salão,a curiosidade das que chegaram um pouco depois e queriam se aconchegar ao grupo que por vezes estava tão compenetrado que se podia ouvir o silencio na sala e logo uma dizia....passou um anjo por aqui olha só que silencio!!

Com agulhas de prata  de brilho tão fino bordais as sedas do vosso destino Bordai as tristezas  de todos os dias e repentinamente as alegrias Que fiquem as sedas  muito primorosas mesmo com as lágrimas presas as rosas. com agulhas de prata  de brilho tão frio... ai,bordai as sedas, sem partir o fio!  1961 Cecilia Meireles Poesia  completa

Mnemósine,a recordadora,era a divindade do panteão grego irmão de Cronos e de Okeanós. Mãe das musas do coro, preside a função poética. È uma forma de possessão e delírio divino,o entusiasmo. Memória e tempo,corteja sempre a vidência do  Futuro com o Passado,as revelações do que aconteceu outrora  e o que ainda não é. Mnemósine dispensa a seus eleitos uma  Onisciência do tipo divinatório. Não reconstrói o tempo,não o anula tão pouco... Ao fazer   cair a barreira entre o presente e o passado  lança uma ponte entre o mundo dos vivos e dos mortos.

Alma,olho e mão entram em acordo no narrador:ele é um artesão que torna visível,tira segredos e lições que estavam dentro das coisas.A arte de narrar é uma relação alma ,olho e mão que transforma sua matéria;a vida humana.Ele penetra como artífice na natureza das coisas,narrar vem da experiencia....o dom do conselho,extraído da própria dor e da dignidade de conta-la até o fim,sem medo....