A feminilidade, o amor e o encontro amoroso em Marina Colasanti
Em Marina Colasanti, “o feminino deixa de ser musa, objeto ou enigma da obra” . O feminino é protagonista, constrói seu próprio caminho, inscreve-se como potência criadora afirmativa, não é mais o masculino que a determina. Nos contos escolhidos para análise neste trabalho, é assim que se apresenta a figura feminina.
Marina Colasanti tematiza variações do amor em diferentes momentos históricos considerados nesse estudo. Embora haja uma certa tendência (relacionada ao contexto histórico da época) ao tratar dessa questão, a representação do amor não é linear nos contos da autora. Nos contos das décadas de 70 e de 80, observa-se uma certa impossibilidade no encontro amoroso. No livro Uma idéia toda azul, de 1979, os personagens, especialmente os personagens femininos, apresentam um grande desejo de libertação, de expansão, de não submissão às imposições do outro, de buscar um outro sentido existencial. No conto “Entre as folhas do verde O”, a corça-mulher não se deixa aprisionar como uma mulher que não quer ser. Ela deseja continuar corça, mas não deixa de amar o príncipe, ainda que não falem a mesma língua, que não desejem as mesmas coisas. Existe uma barreira para o encontro amoroso, mas essa barreira não extingue o sentimento.
Na obra Doze reis e a moça no labirinto do vento, de 1982, apesar do curto espaço de tempo de publicação entre ele e o livro Uma idéia toda azul, a questão do amor é abordada de forma diferenciada. No conto escolhido para análise, “Doze reis e a moça no labirinto do vento”, há uma moça determinada que escolhe o momento de se casar e escolhe também a quem vai se entregar. Doze reis passam por provas impostas por ela. Onze deles fracassam e se perdem nos caminhos do labirinto da mulher. Aqui, homem e mulher não se encontram facilmente. É preciso alguns “sacrifícios” para que obtenham o que desejam. Finalmente, surge o rei que desvenda o labirinto da moça, sem segui-la, sem procurar seu caminho. Fazendo uso da força de sua masculinidade, ele abre espaço nesse labirinto com sua espada e encontra a moça, que, por fim, se entrega num sorriso.
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